maio 02, 2009

Fogo, foguinho, fugaz
Que me traz aos píncaros do mundo
Sem paz absolutamente nenhuma

Fogo, foguinho, capaz
de me trazer aos fundos de mim,
sem guerra minimamente alguma

Porque me habita antes que eu vim
ao mundo e me fiz consciente
da impossibilidade absurdamente inexistente

Quem me queria agora
se eu já tinha nascido
antes do nascer da aurora?

Crio-me eu que sou tudo
Quero-me eu que tudo posso
Sei-me a mim que nada ouso
Lixo-me eu, e de mim troço.
29.08.08


POEMA DE AMOR PASSADO

Abriste a porta
e entraste como um trovão
e que nem raio
incendiaste o que viste
arrancaste o que pudeste
violaste-me com permissão
o frágil conhecimento de mim
o meu frágil chão de existência.
Agora deitas-te sobre a minha lembrança
como antes te jogavas na minha cama
como antes te prostravas na minha boca
como quem deu um orgasmo por desistência.
E que grande a conivência
com que me silenciei no teu abraço
com que me menti no teu engano
com que me dei ao embaraço.

E se com cegueira cheguei,
com surdez me convenci
E se alguns olhos abri,
foi porque os já não tinha
E se de amores me perdi,
foi para morrer de vergonha.

E quando por fraqueza te deixei,
por qualquer esperança me abandonei
foi já de longe que o vi
que o silêncio se fez em fim
que a decadência não perdoa
e se a saudade me mata
a falta me atordoa,
É o coração que me acalma
É o pensamento que me ata
já sem cabeça que me doa.
E como te deitas sobre a lembrança
e como te jogas na minha chama
E como provocas a vingança
ao me puxar para a tua cama,

Acabas com o presente por resistência
em insistência ao acaso
e em desesperada indecência
ao desistir do acabado
me resgatas toda a existência
de quem nunca vive no passado.
20.03.09


Em auto-retrato me espelho
sem retratar quem me sou
porque sou mundo que não vejo
por ver de dentro quem me dou

E se é com estes olhos que o pinto,
não vejo os olhos que o espelham
logo como posso saber quem me sinto
se nunca vi a quem me olham?

Se nunca vi a quem me olham,
como tenho possessão,
se nunca soube a quem me julgam
quem me deu o meu perdão?
25.04.09


A raiva é asquerosa
podre, vil e saborosa
e quando me sobe pela boca
e me cai pelas mãos,
raiva podre e tumultuosa,
toda a minha cabeça é oca
todos os meus gestos são vãos.

E em sopro de pulmão,
em urgência de coração
eu te sinto em mim,
eu te agarro assim
e em vingança fria,
te arremesso a solução

Ai!... A morte lenta
e deliciosa
suculenta
e poderosa
por mim acima te deu vazão
te deu consolo,
tão ternurento,
da tua longa sofreguidão.

Não sofras mais, meu pequenino
que já sofreste o teu tormento
Já não há satisfação
que te cure o desalento.
Já não há coração
que te prive o sofrimento.

Quanto a mim acabou a rua
onde eu sem querer nunca me vi
Mas em silêncio ainda te sinto
Tudo o que te vejo em ti.
19.04.09


Tudo acabado a 01.05.09
em delírio matutino
7.16am
uma bela merda

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