maio 30, 2007

Preguiça


Deixa-me Rir

(...) Pois é, pois é.... (...)

[Instituna a abrir o festival]

maio 24, 2007

(mania de desenterrar baús) [in]Diferenças

Incerta da parvoíce
que por aqui largada sou,
tomo consciência da parvoíce
de outros.
E todo o mundo faz sentido
porque se ensaca na mesma coisa
Que é coisa absolutamente
Nenhuma.
E silenciosamente,
nos intermeios e enleios da observação,
noto a minha sanidade
perante a insanidade dos outros
como absurda e abominável conclusão!
Mas cá estou eu na minha loucura,
porque é só minha na miséria do mundo.
E ninguém ma rouba e ninguém ma tira,
senão não mais eu existiria.

2005

maio 20, 2007

Crónica I

Dali viu ali qualquer coisa. No meio de elefantes e girafas, ovos e medos sexuais, cadillacs, nus e no meio de Gala, Dali apaixonou-se por Cadaqués, terra de origens. Cadaqués só se vê à última curva de es[ca/tra]da que serpenteia desde a planície catalã e que sobe para dentro dos montes quase pirinóicos. O carro toca Rolling Stones pela enésima vez (das poucas cassetes que reuniu consenso geral – só um de nós se lembrou o quão torturante consegue ser a rádio espanhola) enquanto aquece e desespera, com o peso, a longa viagem e a subida. Se morresse ali, ficaríamos presos em Cadaqués, ainda sem saber que é essa mesma a vontade que Cadaqués impõe. Aquela que já só se vê na última curva, num buraco dos montes que se abre ao mar.

Cadaqués tem ruelas. Cadaqués sobe e desce. Cadaqués é branca. Branca e azul e amarela nas portadas das janelas. Cadaqués tem toda a gente. O mundo inteiro.

O mundo inteiro numa terriola mediterrânica à beira-mar, feita de calçada e de cal, com os seus minúsculos areais de pedregulhos, a água de banheira, tão tépida, tão parada no sol da tarde, transparente de azul de céu. Descemos à praça central para comprar fruta e damos um mergulho. Em segredo, que os outros dormem. Sem toalha, de saias ensopadas, juramos nunca ir embora. Juramos voltar, juramos morrer ali. Juramos cristalizar naquele microecossistema, que retém naquele momento um ideal de humanidade. Escolho uma casa de portadas azuis em estilo de prenúncio (“Um dia…”).

Lá em cima, no parque de campismo, depois de casas e ruas labirínticas, descansam caravanas velhas e velhos hippies, ingleses com miúdos ruivos, garrafas de vermute, gatos, italianos errantes de tenda em tenda que nos servem de guias nocturnos, franceses de guitarras que não resistem em cá voltar todos os anos, índios mal disfarçados, camping gaz e o paraíso (pedaço de terra de ventos – “Have you got haxixe?”). Vista para Port Lligat (quase se vêem os ovos dos telhados de Dali) e a montanha a tapar-nos do mundo. A visita nocturna ao átrio da igreja e a invasão da chuva. O abrigo junto ao mar, nos toldos dos cafés e a visão dos relâmpagos – apoteose da descoberta e iluminação da verdade absoluta de Cadaqués: o derradeiro sítio para se morrer feliz. Mas como o tempo do mundo afinal não pára, metemos tudo no carro outra vez, para ir de uma assentada até Barcelona (a viagem ainda não acabou). Depois de Cap Creus, de descer e mergulhar nas enseadas, voltamos à estrada (escada?) da montanha e, sem parar uma última vez em Cadaqués, vê-mo-la desaparecer, depois do vendedor (comidíssimo!) de pequenas transacções locais cruzar a berma da estrada aos ziguezagues (prenúncio de coisa má), cambaleante, periclitante, como se o mundo inteiro fosse cair com ele, enquanto a planície, a ameaçar-nos com a realidade, se abre à nossa frente. Satisfaction no rádio perro e o carro volta a ameaçar os 100º. Não nos esquecemos da guitarra e das panelas e adormecemos.




maio 10, 2007

Luxúria


Zardoz

"The gun is good! The penis is bad!"

Ou Como Fazer Um Filme Depois de Meter LSD

maio 09, 2007

The Passenger

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes...again

Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need...of some...stranger's hand
In a...desperate land

Lost in a Roman...wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain, yeah

There's danger on the edge of town
Ride the King's highway, baby
Weird scenes inside the gold mine
Ride the highway west, baby

Ride the snake, ride the snake
To the lake, the ancient lake, baby
The snake is long, seven miles
Ride the snake...he's old, and his skin is cold

The west is the best
The west is the best
Get here, and we'll do the rest

The blue bus is callin' us
The blue bus is callin' us
Driver, where you taken' us

The killer awoke before dawn, he put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived, and...then he
Paid a visit to his brother, and then he
He walked on down the hall, and
And he came to a door...and he looked inside
Father, yes son, I want to kill you
Mother...I want to...fuck you

C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
C'mon baby, take a chance with us
And meet me at the back of the blue bus
Doin' a blue rock
On a blue bus
Doin' a blue rock
C'mon, yeah

Kill, kill, kill, kill, kill, kill

This is the end
Beautiful friend
This is the end
My only friend, the end

It hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die

This is the end

The End, The Doors


Daquelas vezes em que reconheces uma música e não sabes de onde: pois bem, pensava que era do The Passenger (Antonioni, 1975) e podia muito bem ter sido. Podia. Era do Apocalypse Now (Ford Coppolla, 1979), mas isso é o menos (o Paint It Black também podia ter vindo daí e veio de Kubrick). Seja The Passenger no seu apocalipse de identidade final:

Do you recognize him?
Mrs. Locke: I never knew him.

Do you recognize him?
Maria Schneider: Yes.