outubro 11, 2007

Como o Coelho Gigante Engole as Laranjas Mecânicas ou Excerto da Teoria do Big Bang de Madrugada

Como as laranjas mecânicas alaranjam por aí,
Como mecanizam as laranjas podres,
Como se apodrece uma cesta de fruta.

Como se o mundo em constante rotação
fizesse sumo de coisa minuta
E, pronto-a-consumir,
Em louvável repetição,
Se desse ao mundo como saudável imposição.

E que esse sumo de consumo conveniente
Convenha a toda a gente,
Contente todo o mundo!
E o torne tão oco e tão crente
que, em infinito acomodar,
Não mais precise de rodar!
E, tão uniforme e tão carente,
Lá fique pendente na imensidão.
Que para eterna diversão da maquinaria,
Vá liquidificando na torturadora
todo o produto da dimensão.

E mais, e mais! E cada vez mais frutaria!
Mais facas eléctricas de misturadora
Quanto mais sumo bebo, mais sedento fico!
E, em sumarento existir,
Não mais o quero justificar!
Não mais me quero inventar.

Como se fermenta geleia pelos tempos
Como se acrescenta água choca e diluente…


(Pausa)



Coelhinho.
Coelhinho Gigante de patas abruptas
De palavras feias e loucas
De dementes olhos tresmalhados
De corpo nojento e membros atormentados.
Em desprezo pela gente,
Com amor ao mundo.
Em pontapés a tudo, pela entrega aos povos

Na paz insana cheia de humanidade
Com a moral dos desejos e da vontade.

Sem cama nem lençóis,
Sem carimbos nem papel.
Sem pilhas Duracell
Sem ordem, sem pais, sem tempo, sem leis
Descontroladamente
Energeticamente renováveis.
Sem correntes, sem país
Sem sementes nem raiz.

Sem microondas cerebral
Sem impressora maquinal

Em procriação livre da verdade
(Ou em mentira escolhida em liberdade)

(Rewind)

E em trombone do apocalipse
Vindo de uma dimensão alternada,
O Coelho engole a frutaria
no meio de toda a gritaria
da democracia aldrabada

E é a histeria em Massa
O Pânico e a Agonia.
A desgraça.



O silêncio, a tranquilidade.

A natividade.




(Replay)


(Setembro 2007)